Sonho e Preparativos

Desde pequeno sempre tive um fascínio pela região patagônica, mas confesso que não sei exatamente o motivo. Mas apesar disto nunca me passou pela cabeça ir até lá, muito menos de moto.

No início dos anos 90 me envolvi com o off-road e acabei comprando um Jeep. Durante um raid e outro conheci um grande aventureiro, Iguassú Paraná de Souza. Na casa dele vi em uma parede um mapa da America Latina com diversas viagens traçadas a caneta e a que mais me chamou a atenção foi uma que ele fez pela Carretera Austral.

Após iniciar-me com o motociclismo começei a fazer pequenas viagens e aos poucos o sonho de chegar ao Ushuaia foi crescendo. Li inúmeros livros e relatos de viagem na internet e fui montando o meu próprio roteiro.

Para ajudar o sonho tornar-se realidade o marido de minha cunhada também apaixonou-se por motos e começamos a viajar juntos - ele, minha cunhada, minha mulher e eu.

O Junior e eu colocamos a idéia na cabeça e tentamos de todas as formas convercer nossas mulheres, que embora gostem de viajar de moto, não estavam dispostas a um trajeto tão ousado e longo. E assim se passou praticamente 1 ano e meio no qual fazíamos pequenas viagens e colocávamos o meu sonho (que acabou virando o sonho do Junior também) no papel e com o apoio e incentivo dados pela Carla, minha mulher, o sonho começou a se transformar em uma aventura, diga-se de passagem, uma grande aventura.

O prazo que dispunhamos para a viagem era de 25 dias e como os pontos que fazíamos questão de conhecer eram o Ushuaia, Torres del Paine e El Calafate, abortamos a idéia de fazer a Carretera Austral.


Preparativos
Com o roteiro traçado começamos os preparativos e acerto de todos os detalhes. A documentação que precisamos providenciar foram:

- Carta verde (seguro para terceiros obrigatório para rodar nos países do Mercosul;

- Carteira de motorista internacional (para rodar no Chile)

- Carta de autorização de viagem com a moto (se financiada – caso do Junior), protocolada nos consulados (Uruguai, Argentina e Chile);

- Carta de autorização registrada em cartório (se a moto não estiver no nome do condutor – meu caso, a moto estava no nome de minha mulher) , protocolada nos consulados (Chile, Uruguai, e Argentina);

- Carteira de vacinação contra febre amarela (exigida pelo Chile)

Dando sequencia aos preparativos montamos lista para vestimentas, equipamentos, peças de reposição, higiene, ferramentas, manutenções preventivas nas motos e para diversos. Dividimos o que cada um deveria fazer / levar e assim algumas semanas antes da viagem já estávamos com tudo pronto.

Dentre os preparativos fizemos o óbvio, revisar as duas motos de ponta a ponta. Falando em motos nós fomos com:

- Honda NX-4 Falcon 2006 com baú Givi E-45, alfoges Givi E-21, bolsa de tanque Gift 12 litros (eu);

- Yamaha XT-660 2006 com baú Givi E-45, alfoges Givi E-21, bolsa de tanque Gift 12 litros (Junior);


Estratégia de viagem
Durante os preparativos fizemos um pacto de como iríamos proceder durante a viagem. Os principais acordos foram:

- Parar a cada 100 ou 150 quilômetros, sempre alternando quem estaria pilotando a frente.

- Abastercer a cada 200 quilômetros no máximo, e nos locais onde os postos fossem mais escassos pararíamos em todos.

- Nos dias de deslocamento faríamos somente lanche, deixando a refeição principal por conta do jantar.

- A velocidade de cruzeiro seria entre 110 e 120 km/h para maior segurança, redução no consumo de combustível e evitarmos problemas com as autoridades.

- Lubrificar a corrente a cada 200 quilômetros.

- Sempre (sempre mesmo) manter o contato visual.